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  • Writer's pictureTiago Bertalot

Temporada 2023 em resumo, parte 1

Updated: Apr 30

Saindo da Izmir, Turquia, em 24 de Março de 2023, passando por diversas ilhas e terminando em Mytilini, Grécia em 27 de Outubro, foram 890 milhas navegadas e muitas histórias, ventos fortes e aventuras. Aqui vai a primeira parte dessa nova fase no Trouble Maker.

No final de 2022 recebemos uma proposta para mudar para Hong Kong, você pode saber mais aqui. Uma das coisas que teríamos que fazer era navegar o barco da Turquia para a Grécia pois o Trouble Maker tem registro europeu e, para evitar burocracias, era melhor leva-lo de volta para a Europa. Assim em 24 de Março soltamos as amarras de Izmir para passar por Foça ainda na Turquia, fazer o check-out e partir para a Grécia com destino à Lesvos (ou Lesbos) na pequena cidade de Mytilini.

  • Lugares visitados:

Izmir 038° 24.334' N / 027° 04.119' E

Foça 038° 39.993' N / 026° 45.176' E

Mytilini 039° 05.840' N / 026° 33.475' E


Esse talvez tenha sido o check-out mais confuso de todos os 6 que já fizemos, demoramos o dia todo e mesmo com a ajuda do despachante o processo foi lento. O harbour-master fez uma confusão com a minha licença de Dayskipper da RYA (Royal Yacht Association -Inglaterra) dizendo que eu só poderia navegar com barcos que tivessem motor se fossem iguais ou menores que 9 metros, o Trouble tem 14 metros! E dessa forma, ele só aprovaria a nossa saída se contratássemos um capitão (oi?). Explico: a licença da RYA Dayskipper autoriza a condução de barco com propulsão principal a motor até 10m e a vela com motor auxiliar não diz nada (mas são 24m) acontece que ele entendeu que o nosso veleiro tem motor e que nós não poderíamos navegar ele pois tem 14m e com motor. O cara falou que auxiliary engine é motor de popa...


Minha Licença do ICC baseada no RYA Dayskipper

O que nos salvou no final foi uma boa conversa e minha licença de Mestre Amador do Brasil. Viva o Brasil, nos salvando de uma encrenca, ser brasileiro nesses lugares é uma vantagem imensa, todo mundo gosta da gente.


Abaixo um vídeo do meio dessa travessia, bem na fronteira Turca-Grega:


A nossa velejada até Mytilini, de apenas 30 milhas ou 55.5km, demorou 5h 24min. Fizemos uma média 5.5 nós ou 10.1km/h, o que é ótimo se considerar o nosso barco com 11 toneladas e o vento de 15 nós de través, ou seja, pela lateral do barco. Esse foi um dia maravilhoso, o vento era praticamente constante e apesar do frio (confira as fotos abaixo) nós deslizamos pelas águas do mediterrâneo da costa turca, pela fronteira até a entrada de Mytilini de onde começaria a nossa aventura de ir para Hong Kong, estávamos todos agradecidos por Netuno e outros deuses nos darem uma passagem tão sem problemas, era uma pequena despedida da vida a bordo que no fundo nos fez duvidar se estávamos fazendo o certo em sair desse paraíso para voltar a vida em terra. Alguns dias depois estávamos embarcando para Hong Kong.


Algumas fotos dos nossos últimos dias na Grécia - Mytilini - antes de mudar para Hong Kong:


Em 3 de Junho o Dilmar, nosso parceiro no projeto da vivência a bordo, chegava no barco com a Luciana. Já no calor do verão eles enfrentaram um contratempo que adiou a saída por 12 longos e quentes dias: a bomba-d'água doce havia parado de funcionar, o que parece um problema simples, mas não foi. Depois de muitas trocas por outras bombas em que nenhuma realmente serviu. tivemos que encomendar uma nova da Alemanha que demoraria ainda mais dias para chegar. O Dilmar e a Luciana fizeram um arranjo, e conseguiram desatracar de Mytilini em 15 de junho, fazendo então uma volta completa na ilha de Lesvos, aproximadamente 150 milhas e com diversas paradas, algumas das quais também pararíamos em Julho.


Durante essa volta, continuamos com um problema crônico: pouca água saindo pelo escapamento e muito vapor. Desde que saímos da Croácia, em Abril de 2022, estávamos brigando com esse problema e apesar de já ter gastado quase 1.500 euros com mecânicos com competência duvidosa - um mal na área náutica apesar de não podermos nunca generalizar - nada resolvido. Foram trocas de filtros, de impeller, da bomba d'água, limpeza da mufla... até que finalmente com um ácido, conseguimos resolver essa pendência.

Vale aqui um comentário: se um dia eu tiver outro barco, o motor nunca mais será o Volvo, foi a pior experiência que eu já tive. Quebras constantes, peças caras e uma rede de atendimento péssima, saudades do meu Yanmar.

  • Lugares visitados pelo Dilmar e Luciana:

Sakala Loutron 039° 02.647' N / 026° 31.616' E

Plomarí 038° 58.473' N / 026° 22.139' E, a capital do Ouzo, uma bebida de anis típica da Grécia

Aphotikes 039° 06.610' N / 026° 05.919' E

Sigri 039° 12.581' N / 025° 51.150' E, daqui é possível ir na floresta petrificada de Lesvos

Mithymna (ou Molyvos) 039° 22.090' N / 026° 10.111' E, unanimemente é a cidade mais bonita da ilha


Volta da ilha de Lesvos no sentido horário feita pelo Dilmar e Luciana, passe para frente para ver todas:


Em 26 de Junho o Trouble Maker estava de volta em Mytilini encerrando a primeira velejada da nossa parceria com muito sucesso apesar da bomba d'água ainda funcionando mal. Ela seria trocada em seguida por um modelo novo da Jabsco, mesma marca da anterior que durou 20 anos. Nesse meio tempo, tivemos um outro contratempo que iria se prolongar até o final da temporada, o tacômetro parou de indicar as rotações, alarmes e a quantidade de horas de funcionamento do motor. Um problema simples a princípio se não fosse essa a peça responsável por monitorar todos os parâmetros do motor como: temperatura do arrefecimento, temperatura e quantidade de óleo, problemas elétricos, etc. Eu e o Dilmar decidimos continuar a temporada pois em 2 dias chegariam nossas primeiras visitas de 2023 e não poderíamos deixá-los sem a experiência de navegar na Grécia. Fizemos um protocolo minucioso com cheques constantes e da temperatura do arrefecimento com uma pistola a laser, uma vistoria a cada uma hora do compartimento do motor para ver se não havia escapado óleo e um cheque diário de todas as mangueiras, níveis e etc, dessa forma nos sentimos seguros e tocamos o barco assim mesmo.


O Marcos e a Lucélia chegaram ao Trouble Maker no dia 28 de Junho para iniciar a primeira aventura oceânica com pernoites e pelo Mar Egeu. No primeiro dia, como de costume, o Dilmar fez um briefing dos equipamentos do barco e de como estava planejada a semana. Aqui haveriam duas possibilidades, uma de seguir pela volta da ilha de Lesvos como o Dilmar e a Luciana já haviam feito ou seguir na proa sul por aproximadamente 35 milhas até Chios e Oinoússa. Apesar das belezas de Lesvos, a segunda opção ganhou votos unânimes!


Plomarí com um arco-íris ao fundo

Saindo de Mytilini o Trouble Maker seguiu com proa sudeste até o cabo de Akra Agrelios, contornando-o e seguindo para oeste até a pequena Plomarí, um porto estratégico para seguir até Chios já que diminui o cruzamento das ilhas de 47milhas ou 9 horas para 32 milhas, ou 6 horas. Plomarí é um lugarzinho delicioso para passar a primeira noite a bordo mas, só se o vento e as ondas não estiverem entrando dentro do porto. Infeliz foi descobrir na prática que somente com o vento de norte ou nordeste fracos pode-se esperar tal calmaria e essa primeira noite balançou um pouco. Saindo cedo, a pequena travessia agora de 6 horas iniciou-se com um vento ainda fraco de noroeste, influência do Meltemi, o suficiente para levantar ondas de até 1 metro no padrão do Mediterrâneo, ou seja, altas e curtas e justamente pelo costado de boreste o que fez logo suas vítimas e o Dramin foi necessário.


De Lesvos para Oinoússa com ondas de través

A primeira parada, foi na pequena e charmosa ilhota de Oinoússa depois de finalmente pegar um vento camarada de oeste com até 20 nós. A paisagem é tudo que se espera da Grécia, com montanhas áridas e poucas árvores já secas nessas alturas do verão, praias com pequenos seixos e água transparente e uma vila com janelinhas azuis. Oinússa já foi a capital dos armadores de navios da Grécia, com importantes e ricos empresários e ainda é possivel identificar algumas belas construções que remontam à epoca.


A tripulação encontrou um cantinho especial para parar o barco, no píer da cidade e de frente para a praça principal do porto. Se tem algo maravilhoso na Grécia é poder atracar nesses portos públicos a um precinho camarada, muitas vezes menos de 10 Euros por dia e com água e energia elétrica disponíveis, que mais um cruzeirista pode querer, não é? Muitos desses portos são extremamente protegidos do tempo ruim com quebra-mar e boa amarração, outros estão mais expostos e requerem cuidados como Plomarí ou Chios por exemplo. Oinoússa pareceu um desses que dá para se sentir protegido nos piores dias.


A semana de Experiência a Bordo, No Trouble foi maravilhosa, um pouco sem vento mas acredito que a tripulação conseguiu saborear os ares gregos com muito aprendizado parando nos portinhos e saboreando tudo que a Grécia pode oferecer quando se está cruzeirando. Foram:


Milhas navegadas: 131

Noites a bordo: 8

Portos/Ancoragens visitadas: 6

  • Lugares visitados pelo Dilmar, Luciana, Marcos e Lucélia:

Plomarí 038° 58.473' N / 026° 22.139' E

Oinússa 038° 30.841' N / 026° 13.085' E

Marmaro 038° 32.513' N / 026° 06.896' E

Langhada 038° 28.636' N / 026° 07.432' E

Vrontados 038° 25.019' N / 026° 08.109' E

Chios Marina 038° 23.225' N / 026° 08.342' E


Abaixo alguns fotos dessa primeira Experiência a Bordo, No Trouble de 2023, passe para frente para ver mais:


O Dilmar e a Luciana, já sozinhos, navegaram para Mytilini numa travessia ótima de 53 milhas no dia 6 de Julho e pararam o barco para fazer os ajustes finais antes de partir para o Brasil, encerrando essa primeira fase da temporada de 2023 que apesar dos contratempos, foi ótima.


Total navegado até esse ponto: 311 milhas.


Problemas:

1. Bomba d'água doce (resolvido)

2. Bomba do ralo do banheiro do salão não puxa água

3. Odor do holding tank na cabine de bombordo

4. Vazamento de água na privada também do salão

5. Luz de tope, ou luz de ancoragem, queimada

6. Tacômetro/alarmes/horas do motor não funcionando


Melhorias: instalação de um controle-remoto para descer/subir a âncora


Em seguida, a parte 2 dessa aventura....




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